Dia das Mães – Qual o desafio de equilibrar todos os pratos da vida?
- Joana Madia
- há 13 minutos
- 5 min de leitura
Esse desafio existe tanto no universo feminino quanto no masculino, mas hoje, em homenagem ao Dia das Mães, vamos falar sobre todos os pratos que uma mulher – especialmente as que são mães e estão no mercado de trabalho – precisa equilibrar.
Vamos começar falando sobre sucesso? Como ele é medido em nossa sociedade? Vamos dar uma pausa e refletir juntos?

Trabalhar.
Não apenas trabalhar, mas ser uma profissional bem-sucedida. Alguém que, além de entregar o que é esperado, se mantém em constante crescimento, faz cursos para evoluir e se manter atualizada, podendo assim almejar cargos e desafios maiores.
Manter sua rede de contatos (networking) atualizada e ativa. Reservar momentos e energia para pensar na estruturação de sua carreira. Ter uma rede de apoio que possa socorrê-la diante de situações desafiadoras. Lutar contra os próprios monstros internos, deixar de se sentir uma impostora e superar seus maiores receios.
Ter flexibilidade e adaptabilidade para se adequar às diferentes culturas e líderes. Lidar com palavras ou gestos inadequados, que ainda existem – mesmo que em menor escala – no mundo corporativo, sorrindo e acenando, como aprendemos com a Miss Universo. Afinal, em muitas empresas, ainda há receio de usar o canal de compliance, criado para proteger os colaboradores em questões delicadas como ética, assédio, entre outros.
Evitar mostrar fragilidades e vulnerabilidades, mesmo que hoje – graças ao trabalho de Brené Brown – essa palavra já não seja tão rejeitada quanto antes. Mas, para mim, ainda está mais na beleza do discurso do que na prática. É simples: quantas pessoas você conhece que conseguem, de fato, expor suas vulnerabilidades? Quantos ambientes estão realmente preparados para lidar com isso?
Cuidar da saúde.
Não apenas ir ao médico, fazer check-ups anuais e exames de rotina, mas fazer exercícios, no mínimo três vezes por semana, para manter o corpo saudável – e não apenas saudável, mas com a meta de atingir corpos esculturais que, muitas vezes, foram moldados por inteligências artificiais com padrões irreais para a maioria das pessoas.
Tomar uma série de suplementos e vitaminas. Ser bombardeada constantemente por produtos, mídias e estímulos que asseguram que o melhor caminho é lutar contra o fluxo natural da vida, chamado envelhecimento. Aceitar que tudo muda. Que o corpo não será mais o mesmo, que o cabelo vai afinar, que o colágeno vai embora com a urina e os hormônios pelos poros – como costumo brincar. Que a montanha-russa hormonal vivida todos os meses não deve interferir no dia a dia. E nem quando engravidamos ou ao entrar na menopausa. Ah, engravidar... vamos falar disso?
Quantas mulheres postergam a gravidez com receio dos impactos na carreira? Durante a gestação ou no retorno da licença-maternidade? Esse tema, que deveria ser um dos mais preciosos da vida – inclusive para o casal e para os homens, mesmo os “profissionais” –, ainda é extremamente delicado no ambiente corporativo.
Uma pesquisa recente apontou que quase metade das mulheres conhece alguém que foi desligada ou teve o cargo impactado após a licença-maternidade. E 42% acreditam que esse período pode prejudicar a carreira de uma mulher. Além disso, dados da FGV de 2022 revelam que apenas 18% das mulheres em cargos de liderança no Brasil têm filhos. Isso diz muito sobre os dilemas que cercam a maternidade e o sucesso profissional feminino.
Quer mais, querido(a) leitor(a)? Respire fundo, pois a lista continua.
Ter uma família.
Não se casou? Não vai ter filhos? Parou no primeiro filho? Um dos filhos se rebelou? O casamento acabou? De quem é a culpa?
Como é possível que, ainda hoje, um barco que deveria ter dois capitães – com papéis diferentes, mas com igual importância – seja conduzido majoritariamente por uma só capitã? Em sua maioria, sozinha, sobrecarregada, cobrada, invalidada e, muitas vezes, julgada por decisões que não correspondem às expectativas sociais. Expectativas de quem, mesmo?
Lembro-me de uma propaganda indiana da Procter & Gamble (não é publi, ok?) que mostra como a cultura e os hábitos reproduzem padrões, muitas vezes de forma invisível, inconsciente e cruel.
Esposa.
Ser uma boa mulher. Boa amante. Estar sempre pronta para acolher, cuidar, amar, se relacionar, estar bonita, cheirosa, bem-humorada, sem dias ruins, sem fraquejar, sem cair… Pois, quando isso acontece... ah, quando isso acontece... o que mais poderá acontecer?
Deixo que você tire suas próprias conclusões. Se você é ou já foi esposa, tenho certeza de que encontrará sua própria narrativa nesse papel.
Mãe.
Temos uma das maiores bênçãos da vida: dar à luz, gerar uma vida, alimentá-la nos primeiros meses. Isso ninguém pode fazer por nós. É impossível delegar. A natureza fez do nosso corpo – e só do nosso – um templo sagrado de criação.
Educação, conversas, levar e buscar, formação de caráter, valores, princípios, idas ao médico, afeto... todas as tarefas ligadas à criação de um filho. Cada família tem sua dinâmica e seus valores, claro. Mas mesmo dentro dessa diversidade, é sempre possível encontrar formas de equilibrar e suavizar esse papel tão intenso, cansativo e ao mesmo tempo maravilhoso, que é ser mãe. Aliás, este é um dos papeis que mais amo na vida. Obrigada, Vivi e Gabi, por serem meus filhos. ❤️
Vida social e amigas(os).
Como somos cobradas a estar sempre na ativa, não é? Vida social em dia, círculo de amizades, rotina do prazer atualizada, viagens, filmes, livros... Ufa! E quando não queremos fazer nada? Nada? Sim. Simplesmente nada.
Ahhh, cuidado! Está ficando sozinha demais! Se não tiver energia para acompanhar o marido, não será bom. Se não tiver marido, vai acabar sozinha. Será que dá para pedir uma pausa no mundo, por favor? Só para eu ficar no meu cantinho, me curtindo, sem ninguém ter uma opinião sobre isso?
E o que mais?
Tenho certeza de que, se olharmos a vida de cada uma de vocês, o que significa ser mulher e todos os seus pratinhos, muitos outros itens poderiam ser incluídos nesta lista.
Como sou coach – e ousada – deixo este convite: pegue um papel e escreva outras facetas da sua vida como mulher que não mencionei aqui. Aposto que surgirão muitas riquezas neste exercício.
“Ah, Joana, e aí? O que fazemos com tudo isso?” A pergunta de um milhão, não é? Não conseguiremos mudar o mundo de uma vez. As mudanças são lentas, acontecem de geração em geração.
O que venho aprendendo – e deixo como presente – é uma palavra linda: PRAZER.
Falo de um prazer grandioso: o de ser exatamente quem você deseja ser. Com o corpo, a família, a profissão, os amigos, a vida que você desejar – e que faça sentido para você. Só para você.
No fim da nossa jornada, seremos os únicos a assinar o contrato da nossa vida. Que ele tenha todas as cláusulas que você acredita e que tenha valido a pena – em cada instante, relação e experiência, até as mais desafiadoras.
Querida mulher, mãe, profissional, amiga, atleta, esposa e todas as suas versões:
Receba minhas palmas, meu abraço e meu profundo respeito por seguir, como pode, sua caminhada.
Desejo que você se liberte de todas as amarras que for necessário soltar para que sua jornada seja mais leve, alegre e cheia de prazer – seja lá qual for o seu.
E aproveito para te fazer um convite: venha conhecer o Entre Elas – uma mentoria exclusiva para mulheres, conduzida por mim. Lá, conversamos sobre todos esses “pratos” que equilibramos, e, em uma rede de apoio guiada por técnicas de coaching, nos curamos e encontramos nossa liberdade.
Um Feliz Dia das Mães e até breve!
Joana Madia.
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