Só o tempo é capaz de ensinar que palavras dormem dentro da alma
Elas ficam ali quietas e não dão as mãos às outras
Por que adormecidas germinam
Na solidão, incubadas, são só palavras
Palavras que esperam serem vestidas de sentido
Nuas se sentem frágeis
Não podem sair, não por que sintam medo
Simplesmente por que não criaram a pele
Quanto tempo esperam as palavras...
Quanto tempo esperamos por elas...
Algumas precisam mais que o tempo de uma vida
Outras nem tanto!
Só na presença da alma encontram conforto e forma
A alma, por sua vez, precisa que o amor a preencha
para conseguir vestir as palavras sem pele
O amor, por sua vez, depende do tempo
que gesta o significado
que sustenta a vida
que nos instiga a destacar da experiência
aquilo que a sensibilidade imprimiu na alma
verdadeira joia do viver
As palavras desenhadas em harmonia libertam as emoções mais inebriadas
Expressar é remover o ouro incrustado nas entranhas dos significantes de cristal
Na linguagem as imagens são capazes de trazer um despertar
Resgatam a liberdade dos reféns automatizados
É uma entrega corajosa a vida
O amor feito água desliza as mãos úmidas retirando d’alma aquilo que a vida insistiu em tatuar
corações aquecidos arrancam da pele as sombras das cicatrizes que não vivem mais
O silêncio permite que as palavras se organizem
se deitem na forma de letra,
aceitando humildemente seu destino:
elaborar impressões, construir vida e criar sentido
Na leitura das palavras verdadeiras está o tesouro real
Integração humana da essência primordial.
Iramaia Pascale Quintino
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