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Joias dos Acolhimento


Assim estava ela, sentada, calma e entregue a suas melhores memórias

No colo ainda trazia a sensação de entrelaçar seus braços

e formar um berço aonde eles dormiam

Na quietude do encontro o silêncio trazia o ritmo das respirações

Tudo era tão pleno

Sentiu um desejo de entregar essa joia ao mundo

Em um rompante, as palavras vinham como uma cachoeira forte e refrescante em um dia de verão

Escrevia a partir das experiências que o destino havia lapidado na sua alma

O cinzel da vida talhava o coração abrindo espaço para o ninho

Descobria um instinto de proteção, de cuidado e de aconchego, impulsionando-a em direção ao outro


Quando as joias estavam escritas um vento soprou levando para longe as palavras

Resolveu então deixar de lado o papel e passou a digitar

Outra vez o vento soprou e dessa vez

um atalho mais rápido apagou o texto,

confusão digital

o arquivo se perdeu


A tristeza veio e deu as mãos à falta do texto

que para ela, tinha sido como um presente do céu


Sentou-se várias vezes depois

Ansiosa em recuperar cada palavra,

mas elas não tinham o mesmo efeito

nem sequer a beleza anterior

Humildemente se resignou e esperou


Passados alguns dias ela resolveu olhar pela janela

por onde as palavras haviam escapado

nenhuma delas estavam por ali

O que estava na direção do seu olhar era um porta-retrato de sua mãe

Do nada as lágrimas das saudades lavaram sua alma

Nessas águas a nitidez da herança afetiva se fez presente

Quem a ensinara a colocar no colo seus frutos estava agora no céu

No mesmo céu de onde haviam vindo às palavras perfeitas das joias do acolhimento


A ternura e o carinho eram vivos na memória

A paz era sentida em cada lágrima

O calor no peito era expressão do reconhecimento

de que Ela agora vivia no espírito do verbo amar

A joia do acolhimento lapidada em sua alma estava incrustada na coroa de sua origem

Agora se formava um espelho na terra

Nele ela via refletida o brilho celeste Daquela que lhe dera a vida

As palavras voltaram para o texto

Como se os anjos embalassem os verbos conjugando-os

ao som das mais lindas cantigas de amar

Acolhidos em sua alma estavam seus mais nobres sentimentos de amor

Iramaia Pascale Quintino

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