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Joias da Impotência


Com os olhos marejados de lágrimas

Viu ao redor da lua um contorno que jamais havia percebido

Nunca imaginou conseguir ver aura na lua

Suspirou profundamente

Sentiu movimento no peito

um ritmo manso e leve

Ergueu seus braços em direção ao infinito

E depois, como se seus braços fossem asas

Deslizou o ar descendo os pulsos sentido à terra

Entregou as mãos cansadas ao nada e descansou

Serena, voltou seus olhos para as suas emoções,

até então oprimidas,

amarradas por um sentimento intangível de impotência

Assim como o brilho da lua marcou a escuridão do céu,

O brilho de um precioso diamante clareou o breu da impotência

Agora a consciência era capaz de entender as diversas faces da imobilização

Na refração da luz cada emoção se revelava

No vermelho da raiva percebia toda a coragem que ao longo de toda uma vida havia experimentado para sobreviver as faltas e a solidão

No laranja da ansiedade encontrava a vitalidade que crescia em sua alma a cada superação exercida diante das frustrações e dos fracassos

No amarelo da atenção descobria o entusiasmo fortalecido diante de cada ingênua conquista

No verde da vitalidade sentia a cura de algumas feridas adquiridas nos combates consigo e com os outros, em tantas batalhas vividas

No azul da paz experimentava a imensidão acolhedora da sua fé, inúmeras vezes exercitada na busca de respostas a perguntas dogmáticas e secretas a respeito da autoridade.

No violeta do sofrimento identificava a transmutação das inúmeras lágrimas de tristeza transformadas, agora, em um sentimento genuíno e humilde de paz e de individualidade.

Iramaia Pascale Quintino

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