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Saúde mental e o trabalho: precisamos falar sobre isso.

Em 2024, o Brasil teve o maior número de afastamentos por transtornos mentais dos últimos 10 anos. Foram 472 mil licenças concedidas, um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Previdência Social.

Fonte: Revista Forbes.


Ah Joana, mas que exagero!

Será mesmo exagero vivermos em uma sociedade onde, de acordo com uma pesquisa da International Stress Management Association, cerca de 32% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout? Onde tivemos um aumento alarmante nos afastamentos por saúde mental e um crescimento de 28% nas denúncias corporativas por assédio moral e discriminação?


Fonte da Fotografia: Pexels
Fonte da Fotografia: Pexels

Querido leitor, te convido a parar o que está fazendo e ler esse artigo com calma. 


Pare para pensar: Quantas pessoas ao seu redor vivem como se estivessem anestesiadas, num moedor de carne ou presas em uma gaiola de hamster? Quantas vivem neste lugar interno de infelicidade, ansiedade, depressão, pânico ou pura anestesia?


Vivemos um tempo de profunda dor social.


Ao mesmo tempo, um tempo em que tudo aquilo que estava calado começa a ganhar voz. E que bom! É urgente dar espaço a esses temas que antes eram varridos pra debaixo do tapete.


Mas não basta falar. É preciso agir. É preciso coragem.


Como assim, Joana?


Coragem para aceitar sua própria vulnerabilidade e pedir ajuda. Seja lá qual for essa ajuda. Às vezes, o lugar da dor nos é tão familiar que, mesmo doendo, nos apegamos. Nos acostumamos. E o pior: achamos que essa é a única forma possível de viver. Isso, na maioria das vezes, acontece de forma inconsciente.


Sabemos que, como um farol, nosso corpo nos dá sinais. Se a sua luz amarela está acesa, pare de ignorá-la. Talvez você nem tenha notado no começo. Mas ela insiste. Pisca uma, duas, três vezes. Os sintomas vêm. O corpo avisa. E o corpo, meus amigos, é imperativo e definitivo. A NR-1, nova norma regulamentadora, surge como um sinal de que algo está mudando. Mas não é só sobre leis. É sobre nós.


Vivemos em uma sociedade que nos treinou pouco - ou nada - para lidar com o mundo emocional. Quantas vezes calamos? Ignoramos? Legitimamos as dores dos outros, mas não as nossas? Desde quando normalizamos viver como máquinas? Desde quando ignoramos nossos sinais emocionais, como se não fossem parte de nós?

Acredito profundamente que os desafios vividos são, muitas vezes, consequência de um autoabandono. E só há uma pessoa capaz do resgate: nós mesmos. Na minha palestra “A falta que eu me fiz”, compartilho mais sobre isso:


Acredito que nascemos e, em nossa grande maioria, acabamos nos abandonando de nós mesmos, batendo cabeças, corpos e coração na busca incessante por respostas e encontros.


Quanto mais buscamos fora, mais árido e doloroso vai ficando este caminho. Tentando controlar o incontrolável, vamos nos cristalizando e enrijecendo.


Para mim, a vida começa quando matamos a saudade que estávamos de nós mesmos e entendemos que, se há alguém que não pode nos deixar sozinhos, somos nós mesmos.


O pior momento da vida é quando nos tornamos ninguém para nós mesmos e para os outros, mas é quando percebemos a falta que nós mesmos nos fizemos que começamos a construir uma nova história.


 

Não dá para responsabilizar apenas o mundo corporativo, os governos, nossos pais ou as instituições. Se todas essas estruturas são compostas por pessoas, então precisamos voltar sempre para elas. Para as pessoas, para nós. E, se a dor começa em nós, a cura também.


Acredito piamente que o caminho começa com um passo. O primeiro. O mais difícil. Mas o mais necessário. E ele leva a outro, que leva a outro… e quando menos percebemos, começamos nossa trajetória rumo a nós mesmos.


Nos distraímos com a vida e todos os pratos que equilibramos, e acabamos esquecendo de nós. Mas, no fim da jornada, o que realmente vai restar?


Será que nascemos para viver aprisionados pelos nossos medos? Será que devemos continuar aceitando modelos e sistemas que não cuidam de nós? Ou será que a mudança começa aqui, agora, dentro de nós?


Te convido a refletir. Fique atento aos seus sinais. Compreenda como está o seu auto abandono e seu amor-próprio. Só você pode dar o primeiro passo em busca de você mesmo e da vida que deseja viver.

Te deixo com esse vídeo, que diz muito - tão antigo e tão atual!


Pink Floyd | Another brick in the wall

Até breve,

Joana Madia.


 
 
 

1 Comment


Adorei o post!

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