A porta entreaberta permitia que uma réstia de luz iluminasse a sala
Os olhos avistavam um senhor curvado diante de uma bancada de mármore branco
Do lado esquerdo diversas conchas formavam um monte
O meridiano era o homem, franzino e curvo
Seus cabelos brancos contavam seus anos
Do lado direito desfilavam as conchas abertas, borboletas de asas paradas, todas da mesma cor
Uma pequena luminária trazia luz ao centro
Nas mãos do homem as conchas eram abertas
Com uma pinça ele extraia do manto as pérolas adormecidas
Na mesma sala havia uma pia cuja cuba era de cristal
Seu formato lembrava um graal
As pérolas eram lavadas naquela água corrente
No outro canto da sala, próximo a uma lareira, havia uma grande mesa feita das raízes de uma árvore milenar
Seu tampo dela era de madeira
Agora a luz vinha das labaredas do fogo queimando as toras
Com muito cuidado, o senhor retirava da pia as pérolas limpas
As envolvia e um delicado pano branco
Do lado esquerdo colocava delicadamente uma a uma
Aos poucos elas se agrupavam formando um ninho
Como que atraídas para uma mágica comunhão
Do lado direito repousava um livro medieval de fotografias com folhas feitas de pele
A concentração do senhor marcava o eixo central da bancada de madeira
Mansamente ele colhia do ninho uma das pequenas esferas cintilantes, como quem colhe um cacho de uva da videira
Com a mão esquerda segurava a pérola enquanto a mão direita direcionava a lupa
O tempo parecia atravessar o portal dos mistérios
Seus olhos desvendavam os enigmas de muitas vivencias
Deles transbordavam incontáveis emoções
A cor do seu rosto expandia e sua respiração, mais que o calor da lareira, aquecia agora o ambiente
Precisamente o eremita abria o álbum de fotos
Cada pérola pertencia a uma imagem
O sentido se revelava na harmonia da pérola incrustada agora no manto de pele das imagens
Do calor do seu corpo fluía luz desvelando o Sentido da vida
Agora Ele era a fonte de Luz.
Iramaia Pascale Quintino
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