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O silêncio regia às notas dos sonhos de todos os que dormiam naquela casa.
Nem mesmo o vento zumbia nas frestas das janelas
Noite serena de primavera
Nem um sopro, nenhuma luz ...
apenas um discreto andar se move em direção a mulher que dormia
Perplexa, abre os olhos e vê que alguém se aproxima
Paralisada diante do mistério, não consegue discernir o que é sonho é o que realidade
Como um corpo se desloca no espaço sem som?!
Como ela acorda do nada?
O silêncio impiedoso aproxima a angústia da imagem
O vulto vai ganhando forma
Eis que surge, uma mulher vestida em trajes camponeses medievais
Uma pele clara, cabelos cor de mel escuro entrelaçados formavam um arco
Olhar fixo, caminha firme e segura nas mãos uma vela branca apagada
O encontro do olhar das duas mulheres rompe o silêncio
Um suspiro de profunda angústia movimenta o ar trazendo o som
O sopro do pulmão vivo
desperta a adormecida e dispersa a aparecida
Na cama o medo trás o peso do silêncio
Que enigma seria esse?
Que mensagem estaria ali?
Qual o significado desse símbolo uma mulher medieval carregando uma vela apagada?
Seria um prenúncio da morte?
Passaram se anos ...
Um belo dia a mulher adormecida ascendia uma vela
Na luz da vela via a tristeza de suas lágrimas,
feito cristais caindo do céu
as gotas caiam justamente sobre a chama
E assim inúmeras vezes a mulher ascendia a vela
Foram vários movimentos,
não existia vento,
o silêncio era sepulcral
os cristais da alma insistiam em apagar a chama
A vela parecia cansada e o pavio curto e negro
Com o peito úmido e vazio pode sentir as lágrimas escorrendo para o chão
Uma paz limpa trazia uma nitidez para a sua vida
Era uma inegável, como não percebia! Com tanto movimento e eficiência
A alma dela vivia num outro tempo,
Tempo, aquele onde o cuidado com a chama garantia a sua sobrevivência
Onde ela caminhava firme sustentando sua vela
Desperta para uma singela verdade ... ela havia perdido sua chama, seu lugar na eletricidade continua de seus papéis.
Pega o celular e assiste ao monólogo do replicante, Roy no filme BladeRunner
Roy: Uma experiência e tanto viver com medo, não é? Isso é o que é ser um escravo.
[Deckard cospe em Roy enquanto cai; Roy o pega com uma mão.]
Roy: Eu vi coisas que vocês não acreditariam. Ataque de navios em chamas no flanco de Orion. Eu assisti Armas de Césio brilharem na escuridão no Portal de Tannhäuser. Todos esses momentos serão perdidos no tempo como lágrimas na chuva. Hora de morrer.
[O pássaro voa …]
Deckard: Eu não sei por que ele salvou minha vida. Talvez nesses últimos momentos ele amasse a vida mais do que nunca antes. Não apenas sua vida, a vida de qualquer um, minha vida. Tudo que ele queria eram as mesmas respostas que o resto de nós queríamos. De onde eu vim? Para onde vou? Quanto tempo tenho? Tudo que eu podia fazer era sentar lá e vê-lo morrer.
Acordada a mulher percebe a importância da sua vida e entende que o medo a escravizara
Que a verdade da chama estava em ascender inúmeras vezes com fé a sua vida
As verdades são chamas que iluminam os cantos onde os medis aprisionam no automatismo replicante a vida da alma
A vela acesa ilumina onde amor próprio precisa morar ...
Iramaia Pascale Quintino
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